Por Clebinho Rios
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16 de maio de 2024
Quando Moisés é mandado por Deus de volta para o Egito para libertar Seu povo, tem diversos encontros com o Faraó, porém este sempre reluta em permitir que os hebreus saiam da terra do Egito. Num desses encontros, Moisés chama o Faraó até a margem do rio Nilo e dá-se início às pragas que afligirão o Egito até a libertação do povo. Neste encontro, às margens do Nilo, muita coisa deve ter passado na cabeça de Moisés. Para os egípcios ir até as águas do rio era como se fosse um devocional, iam lá para cultuar o rio que para eles era um deus. Além disso, deve tê-lo feito lembrar da própria história, onde sua mãe biológica, Joquebede, com medo de que ele fosse jogado no rio, o coloca em um cesto para que a princesa o encontre e cuide dele como um dos seus. Ademais, o Nilo era o local onde eles se banhavam, o que também deve ter trago certa nostalgia para ele. De frente para o rio Nilo, sua memória deve ter sido acionada de uma forma especial, pois deve ter trazido para ele a lembrança de duas mães, uma hebreia e genética e uma egípcia e adotiva. Talvez tenha se lembrado de ter recebido muita instrução e cultura, já que foi educado pela elite que governava uma das maiores potências do mundo antigo. Ora, também deve ter trazido grandes lutas internas, que apenas ele saberia, como por exemplo abrir mão de toda a glória que poderia ter como egípcio criado pela filha do faraó para libertar um povo escravizado, indo assim contra aqueles que o criaram. Quem sabe suas memórias o levaram ao dia em que, para salvar um escravo hebreu que estava sendo duramente agredido por um egípcio, assassinou a este no intuito de salvar um daqueles que tempos depois seriam retirados dali. Será que poderia ter relembrado dos seus anos em Midiã, onde trabalhou, se casou, se tornou pai e pastor. Ou será que naquele momento foi trazido à sua memória o seu encontro com Deus, lembrando-se da sarça ardente e da sua vocação que desta vez volta à tona de forma irreversível. O que sabemos, é que independente do que tenha pensado naquele momento, Moisés fez o que tinha sido ordenado por Deus. Como nos diz a carta de Paulo aos Hebreus “ Pela fé saiu do Egito, não temendo a ira do rei, e perseverou, porque via aquele que é invisível” (Hb 11.27). Usando o exemplo de Moisés, utilizando aqui a contagem de tempo que Estevão descreve no capítulo 7 do livro dos Atos dos Apóstolos, relembrando seus 80 anos de vida, devemos parar e refletir um pouco sobre tudo aquilo que já vivenciamos. É importante que neste rememorar entendamos que o passado é aquilo que somos hoje, que o presente é realmente um presente de Deus e que futuro é consequência daquilo que somos hoje. Se pararmos para pensar, nosso Deus tem sido muito bom com cada um de nós e com todos nós ao mesmo tempo. Vamos fazer um exercício: conte quantas bençãos você recebeu na última semana. Você seria capaz de enumerá-las ou descrever cada uma delas? Isso não se aplica apenas às coisas que sentimos, mas também a tudo que transmitimos para os outros. Isso também são bênçãos que recebemos. Com certeza todos nós temos muito a agradecer ao nosso bondoso Deus. Como diz aquele conhecido hino: “Se da vida as ondas agitadas são; se, desanimado, julgas tudo vão, conta as muitas bênçãos, conta a cada vez, e hás de ver, surpreso, quanto Deus já fez. Conta as bênçãos, dize quantas são, recebidas da divina mão. Uma a uma, conta a cada vez; hás de ver, surpreso, quanto Deus já fez. ” Todos temos limites, e acreditamos que quando chegarmos nele, ficaremos imóveis, apáticos e sem qualquer reação, porém precisamos analisar os nosso limites e, a partir desses limites, termos nossos recomeços. Moisés tinha o Mar Vermelho como limite; para Abraão a entrega de Isaac era seu limite; Ana tinha a esterilidade como seu limite; e até Jesus Cristo teve a morte como limite, mas nenhum desses foi suficiente para impedir novos começos vitoriosos guiados e direcionados por Deus. “Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança: Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade!” Lm 3.21-23 Lembre-se: Nosso Deus é um Deus de amor, confie n'Ele, descanse n'Ele e espere n'Ele. Aquele que nunca falhou, nunca falhará! Tenha sempre um bom recomeço.